O
inglês Richard Blychenden estava aflito na Feira de Alimentos na Louisiana,
EUA. Importador de chá indiano, o expositor não havia poupado investimentos
para montar seu estande: levara nativos do Ceilão (atual Sri Lanka), que,
vestidos com roupas típicas, preparavam o chá na hora. Estava tudo perfeito. Só
um detalhe havia fugido do controle de Richard: o clima.
Aquela
semana foi insuportavelmente quente na região. Os visitantes sofriam com o
calor, suavam em bicas e ninguém queria saber de bebida quente. Pelo contrário:
tudo que queriam era se refrescar com sorvetes e bebidas geladas. No primeiro
dia, Richard ficou preocupado. No segundo, tenso. E no terceiro, desesperado. O
caprichado estande, sempre vazio, levou o inglês a concluir: tenho que fazer
alguma coisa, e rápido. Foi quando um grupo de rapazes passou pelo local e um
deles perguntou:
-
Que bebida gelada você tem aí?
Sem
titubear, Richard respondeu:
-
Chá gelado.
-
Chá gelado? Nunca ouvi falar. É bom?
-
Excelente. Passem daqui a uma hora para experimentar.
O
grupo deu de ombros e foi embora. Até então, ninguém tinha pensado em tomar chá
gelado. A ideia soaria tão estranha hoje como, por exemplo, beber Coca-Cola
quente. Mas o inglês estava determinado: pegou emprestado com expositores
vizinhos alguns copos altos e adicionou gelo ao chá quente. Os nativos pensaram
que o calor havia deixado o patrão de miolo mole. Richard escreveu, ele mesmo,
um grande cartaz com letras garrafais: “Novidade. Chá gelado. Delicioso.
Experimente.”
Quando
os rapazes cruzaram novamente o lugar, resolveram provar a bebida. E aprovaram.
E em pouco tempo, uma fila se formou no estande do inglês. Foi assim que, em 1904,
foi criado o Ice Tea, hoje em dia uma das bebidas mais populares dos Estados
Unidos, responsável por um mercado avaliado em US$2 bilhões anuais.
Texto retirado do livro "Oportunidades Disfarçadas" de Carlos Domingos.
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