Todo mundo comete algum pecado quando se trata de
administrar a própria grana, a questão é não exagerar.
A seguir algumas recomendações de especialistas para
amenizar pequenas transgressões
Na Bahia, atire a primeira pedra quem nunca cometeu um pecado quando o assunto é
dinheiro. Pode ser a inveja de alguém que tem um investimento que rende mais do
que o seu ou a vontade de comprar muito, mas muito mesmo, sem conseguir se
controlar.
Os sete
pecados capitais — gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça e vaidade —
fazem parte do cotidiano e todo mundo pode pecar em algum momento da vida. A
origem deles é antiga, surgiram no século VI, quando o papa Gregório Magno
(540-604 d.C.) deu origem à lista dos sete pecados capitais, usando como
referência as cartas do apóstolo Paulo, escritas durante suas visitas
religiosas às comunidades coríntia e romana.
No século
XIII, a Igreja Católica reconheceu oficialmente esses pecados como infrações de
caráter do homem. No mundo das finanças, os problemas começam quando esses
pecados prejudicam sua relação com o dinheiro. Com a ajuda de alguns
especialistas em finanças pessoais, você vai aprender como fugir dos deslizes
que podem comprometer seu planejamento financeiro,
a realização dos seus sonhos e até a sua saúde financeira.
1º Gula
Quando o
assunto é finanças pessoais, o pecado da gula pode ser comparado ao consumo em
excesso. Quem tem gula por compras, provavelmente, é mais suscetível a cair no
endividamento para adquirir imediatamente o que deseja. “Antes de cometer esse
pecado é preciso perguntar: eu realmente preciso comprar isso agora?”, diz
Ricardo Fairbanks, consultor da Dinheiro em Foco, em São Paulo.
Quem decide
que quer comprar um carro zero-quilômetro sem ter dinheiro vai pagar juros
altos. É o custo da gula. Um automóvel que vale 35 000 reais, parcelado em 60
prestações, com juros de 1,5% ao mês, vai custar 46 208 reais quando você
terminar de pagá-lo. Sendo que 11 208 reais serão gastos apenas com juros.
Mas o pecado
da gula também pode se manifestar na hora dos investimentos financeiros. O
guloso sempre pensa nos ganhos rápidos e muda de aplicação sem considerar que
pode perder grana. “Ele acha que não corre nenhum risco”, diz a psicóloga Vera
Rita de Mello Ferreira, representante no Brasil da Iarep (associação
internacional de pesquisas em psicologia econômica, na sigla em inglês). Esse
perfil é o mais propenso a cair em fraudes financeiras.
2º Avareza
A proporção
de avarentos no país é muito maior do que se imagina. De cada 100 pessoas, pelo
menos 20 preferem guardar o dinheiro em investimentos seguros e não comprar
nada, segundo levantamento feito por Raphael Cordeiro, consultor financeiro, em
Curitiba, Paraná.
Os avarentos
adiam o consumo, não se permitem gastar nada além do planejado e, quando
decidem investir, optam pela poupança. “Eles acreditam que estão guardando
dinheiro, mas na verdade estão perdendo oportunidades de ver a grana aumentar
em outras aplicações mais rentáveis”, diz Raphael.
Uma boa
solução é começar a diversificar os investimentos, colocando uma parte em renda
fixa e um pequeno percentual, 20%, em ações. A determinação de não gastar pode
fazer com que os avaros façam negócios financeiros ruins. “Eles negociam tanto
a redução das taxas de investimento que ficam com poucos serviços prestados
pelas corretoras”, afirma a economista Alexandra Almawi, da Lerosa
Investimentos, em São Paulo. Uma solução para equilibrar a vida dos avarentos é
recorrer ao planejamento financeiro. Com os objetivos definidos, fica fácil
gastar grana com um carro novo sem sentir culpa.
3º Luxuria
Os
luxuriosos gostam de ostentar produtos caros e requintados. “A ideia de
consumir para ter status é frustrante porque é um caminho sem fim”, diz
Jurandir Sell Macedo, consultor de finanças pessoais e professor da
Universidade Federal de Santa Catarina. A luxúria é tão presente no mundo das
finanças que o economista americano Thorstein Veblen fez vários estudos até sua
morte, em 1929, e concluiu que o único objetivo do consumo é a ostentação.
Para ele, a
acumulação de dinheiro e de bens materiais é menos uma necessidade e mais a
busca de uma posição de honra na sociedade. É claro que todo mundo gosta de
mostrar para o amigo o carro novo ou a roupa da moda, o problema é quando a
busca do prazer do consumo é a única razão da vida. Eles não conseguem adiar
essa busca e, por isso, geralmente, ficam endividados e investem pouco.
Nesse caso,
a solução é não gastar mais do que se ganha. “Mas, quando os luxuriosos decidem
investir, preferem ser mais agressivos”, diz Rogério Bastos, diretor da
consultoria de investimentos FinPlan, em São Paulo. No entanto, a meta é ter a
máxima rentabilidade para financiar seus caprichos, que são bem caros.
4º Preguiça
A preguiça é
o pior pecado capital. No mundo das finanças, o preguiçoso é o principal
candidato a perder dinheiro. É ele quem costuma deixar as prestações atrasar
por preguiça de ir ao banco quitá-las. Com isso, paga juros. Uma alternativa,
nesse caso, é recorrer ao débito automático. Ele também costuma pagar mais caro
nas compras porque prefere as lojas de conveniência, onde os produtos têm
preços maiores.
O preguiçoso
pode deixar o dinheiro parado na conta-corrente ou aplicar apenas na poupança
porque tem preguiça de escolher outro investimento. Quem colocou 50 000 reais
na poupança em janeiro de 2011 chegou ao fim do ano com um ganho de 3 600
reais, considerando uma rentabilidade nominal de 7,20%.
Já quem
perdeu um pouco mais de tempo, pesquisou investimentos e aplicou os mesmos 50
000 reais em um fundo de renda fixa, com juros de 12% ano, taxa de
administração de 1,5% e Imposto de Renda de 15%, ganhou 4 462,50 reais. “A
diferença parece pequena, mas ao longo do tempo esses valores aumentam muito o
saldo total”, diz Rogério Bastos, consultor da FinPlan, em São Paulo. Conheça
seus desejos e trace um planejamento para realizá-los.
5º Inveja
Mesmo quem
não quer confessar sabe que lá no fundo sente inveja de alguém ou de alguma
coisa. “A inveja é quando você compra o que não precisa, com o dinheiro que não
tem, para causar uma boa impressão em quem você não gosta”, diz o consultor
financeiro Mauro Calil, da Calil & Calil, de São Paulo. Se é assim, é
natural que os invejosos acabem consumindo mais do que podem para ostentar o
mesmo carro ou a mesma roupa de um amigo ou parente.
“Uma das
grandes molas do consumo do mundo moderno é a inveja”, diz Jurandir Sell
Macedo, consultor de finanças pessoais. No lado dos investimentos, a inveja é
bastante presente e uma das causas do efeito manada do mercado financeiro.
Essa é a
dominação do fenômeno que ocorre quando algumas pessoas começam a ganhar
dinheiro na bolsa e várias outras entram no mercado, como uma manada, para
ganhar também. A mesma coisa acontece quando a bolsa despenca. O problema é que
quem age dessa forma deixa de lado seus objetivos e sua estratégia de
investimentos. “Se espelhar em alguém pode até ser saudável, se não for uma
obsessão”, diz Andre Novaes, presidente da Life Finanças Pessoais, em Campinas,
no interior de São Paulo.
6º Vaidade
Tem gente
que fica muito vaidosa em contar aos amigos que suas aplicações financeiras
estão rendendo bem mais do que a média do mercado financeiro. Provavelmente,
são pessoas bastante vaidosas. “Finanças pessoais é assunto particular. Você
não deve falar com ninguém sobre elas no clube ou no restaurante”, diz Rogério
Bastos, consultor da FinPlan, em São Paulo.
A vaidade,
quando não está controlada, pode fazer com que você opte pelo consumo excessivo
no presente e deixe de pensar no futuro. Para escapar da cilada dos gastos
desenfreados, a dica dos especialistas é recorrer ao planejamento financeiro.
“Ele vai ajudar a balizar seus gastos de forma eficiente”, diz Marcos
Silvestre, consultor de finanças pessoais.
Se na vida
as mulheres são mais vaidosas do que os homens, no mundo financeiro eles é que
pecam mais. “A mulher é mais cuidadosa na hora de escolher seus investimentos e
busca muitas informações. Já a vaidade masculina faz com que os homens
acreditem que conhecem tudo e invistam com pouca informação. O risco de perder
dinheiro nessas condições é grande”, diz a economista Alexandra Almawi, da
Lerosa Investimentos.
7º Ira
A bolsa de
valores caiu 18% no ano passado e, provavelmente, você deve ter ouvido a
história de alguém que investiu em ações, perdeu muita grana e decidiu nunca
mais voltar para o mercado de capitais. Provavelmente, essa pessoa está
cometendo o pecado da ira. Quando alguém está irado, não avalia os riscos de um
investimento, age impulsivamente e, nesse caso, a possibilidade de perder
dinheiro é grande.
Outra
situação comum em que o pecado da ira aparece é durante o divórcio. “Nessa
hora, quem está com raiva quer tirar todo o dinheiro do ex-cônjuge”, diz
Ricardo Fairbanks, consultor da Dinheiro em Foco, em São Paulo. É comum que os
irados prefiram as aplicações financeiras que rendam mais — eles são
investidores arrojados. Nesse caso, o melhor jeito de amenizar a ira é fazer a
diversificação dos investimentos.
Outra opção
é criar uma carteira resistente às oscilações, comprando ações de companhias
que atuem em setores correlacionados, como exportadoras e importadoras. Quando
as importações crescem, o investidor ganha porque as ações estão em alta.
Quando o fluxo da balança comercial muda, ele continua ganhando,
só que com a
alta das exportações.
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